Acho um tanto triste aquela expressão vinda de alguém mais experiente que diz: "vá você, faça você, eu já tive a minha oportunidade, estou velho, já vivi o que tinha de viver".
Dá a impressão de que a pessoa já está morta, ou só contanto os dias à espera de morrer.
É claro que nessa frase também está incutida a ideia de já ter aproveitado a experiência, e até, talvez, de estar em uma fase em que certas atividades já não fazem mais sentido; mas nela também está imbuída uma melancolia que parece nos obrigar a deixar de ser quem somos só porque temos outra idade.
Todos nós vivenciamos o envelhecimento, ano após ano, mês após mês, dia após dia.
Crescer, trabalhar, ir à faculdade, viajar, ter filhos... Tudo é uma premissa para que deixemos o velho e abracemos o novo: a descoberta de facetas resguardadas em nós mesmos e de cuja existência não sabíamos.
Envelhecer não é morrer, envelhecer não é deixar de viver: é ter a oportunidade de aprender a viver melhor, e de novo.
É abandonar seus velhos "eus" e redescobrir-se de novo.
Mas é preciso saber envelhecer, é preciso aceitar a mudança, para não quedar encarquilhado em uma cilada da mente.
É claro que as nossas forças se esvaem com o tempo, e o corpo pode não tolerar mais certas rotinas, mas isso não significa que a gente não possa continuar a viver, reexperimentar e descobrir novas formas de ver e ouvir, de criar e ser, de se divertir e sentir - de viver, enfim.
É por isso que eu, que também a cada segundo envelheço, te digo:
a não ser que queiramos, a gente não deixa de viver. Nunca!